Nas empresas, na mídia, nos campi universitários, nas produtos e serviços que consumimos, nos espaços públicos governamentais, nas ONGs, nos ponto de ônibus, nas mesas de bar. Todo mundo fala em Responsabilidade Social. Muita gente escreve também.
Acabei de voltar de Brasília onde o brilhante professor Clóvis de Barros Filho (USP) ministrou uma palestra como há muito tempo não via. Explico: ele simplesmente (e faz parecer simples mesmo!) conduz o ouvinte a um passeio filosófico conjugando conteúdo conceitual, oratória impecável e muito, muito bom humor. Pois bem (após merecida rasgação de seda) o que tem Clóvis que ver com a Responsabilidade Social? Se todo mundo fala, porque não ele, já que tem tanto a dizer? Ele a situa nos marcos da corrente filosófica utilitarista cuja preocupação está na quantidade de pessoas satisfeitas (ou alegradas). Uma cínica ditadura do altruísmo que, segundo ele mesmo, termina quando aparece o primeiro sinal de queda nos lucros.
Essa questão me remete a uma inquietação anterior: Qual o objeto da responsabilidade? Pelo que se tem que responder? Se não há vínculo entre o responsável e seu objeto, claramente estamos falando de filantropia, de ajuda, de caridade, de comoddity. Ao resgatar este vínculo outras questões surgem e aí sim faz sentido falar em Responsabilidade Social. Quem é responsável? Pelo que é responsável? Quem deve ser responsabilizado? Estas e muitas outras questões são fundamentais para, acima de tudo, exercer esta responsabilidade menos como favor ou obrigação e mais como exercício de um acordo coletivo, para relembrar Clóvis.